quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O dia do meu parto

Queria muito ter escrito sobre isso antes, quando ainda estava dopada pelos hormônios e pela experiência de parir. Com certeza o tom seria mais romântico, mais mágico... Agora estou um pouco mais na realidade. Eu disse: um pouco. :)
Apesar de ter lido por aí que cesária não é parto, às favas, claro que eu pari! Entrei no hospital buchuda e sai com meu bebê, oras. Foi assim:

Quando eu entrei na 39° semana, na quarta-feira, dia 1º/08/2012, confesso, já estava pedindo arrego. Não aguentava mais o peso da maior barriga do mundo, a minha. Sério, era uma barriga exagerada mesmo e as ultras apontavam um baby gorducho. Minha intuição totalmente falha, eu achava que não entraria em agosto grávida ainda. A ansiedade gritava comigo: Ainda nada? Nada.

Concentrei minhas expectativas na lua cheia que chegaria no dia seguinte. Tentei, em vão, me distrair durante o dia batendo perna com uma amiga, mas a cada xixi ou contração de teste eu ficava ligada esperando a próxima etapa que não vinha. De noite, conversei com meu marido sobre como me sentia ansiosa e preocupada, pois sabia que não aguentaria esperar mais de 40 semanas, nossa filha era muito grande e a gente sabia. Depois de toda a novela de mudar de obstetra para tentar parto normal, a minha preocupação era que eu realmente estava no meu limite. Decidimos rezar juntos e pedi de coração que acontecesse o que fosse melhor pra ela.

Levantei-me para fazer um último xixi antes de dormir e de repente senti um ploc! dentro de mim. O xixi já tinha acabado, mas desceu mais uma água. Opa! Pensei: algo acontece! Papel higiênico com um pouco de sangue. Caracas! Gritei meu marido e expliquei o que tinha acontecido. Ficamos nos olhando com um ar de "será?". Levantei-me e veio a confirmação: chuáaaa, a água escorreu (tem que ter efeito sonoro!). Carácoles! É sim! A bolsa estourou! Caracas! Que reza forte! Caracas! O que a gente faz? Mais chuáaa. Muita alegria, muita euforia! Reparei que a poça embaixo de mim não era branca e nem transparente, era escura, bem amarela. Achei não bom. Lembrei que li que água verde era água com mecônio e era não bom.

 Respirei e pedi meu celular, vamos ligar para o médico: Dr, a bolsa estourou e não estou sentindo nada. 
Ele: é mesmo?  
Acho que ele estava processando o que falei. Detalhe para a hora local desse momento: 1:10 da manhã.
Eu: sim, só que a água está amarelada. Não para de sair. O que eu faço?
Ele: Amarela? Vai pro hospital agora!!

Ok, partiu maternidade. Eu parada com água escorrendo de tempo em tempo, falando tudo que precisava pegar e marido que nem barata tonta, não sabia se limpava a água, me dava toalha, pegava as bolsas. A gente só repetia: Caracas, nossa filha vai nascer!

Às 01:35 demos entrada no hospital que é aqui pertinho. Gente, quanta água! Fui cheia de toalhas e entrei com o vestido encharcado no consultório. O médico plantonista me examinou: colo fechado, bebê não encaixado, monitorou o coraçãozinho dela e tudo ok. O monitor detectou algumas contrações mas eu não sentia neca. Ligou para o meu médico e eles ficaram falando sobre o tom de cor da minha água. Meu médico pediu pra falar comigo: Clarissa, estou indo pra aí, se prepara pra se não der pra ser normal, tá?

Não gostei. Não queria. Comecei a fazer mil perguntas, reclamar, questionar tudo. Fui para o quarto, começamos a acordar a família pra avisar que tinha chegado a hora e quando meu médico chegou ele me examinou e explicou que não dava pra esperar, não seria bom pra ela, o líquido amniótico, blablabla wiskas sachê, eu entendi que não iria controlar aquela situação, já estava tudo acontecendo inclusive a preparação da minha internação.

Em apenas meia hora eu já estava na maca em direção ao centro cirúrgico e foi exatamente esse o tempo que levei pra superar a frustração de não fazer parto normal. Me peguei pensando: Meu Deus! Minha filha tão amada, desejada, sonhada e esperada. Ela vai nascer agora, eu vou ver o rostinho dela. Nossa vida vai mudar. Eu queria tanto, eu esperei tanto. Não vou ficar bolada, eu pedi pra ser a melhor forma pra ela e é isso que está acontecendo. Então eu aceitei a minha situação e comecei a agradecer por estar passando por ela. Entrei sorrindo muito na sala de parto e fui super bem recebida pela equipe que saiu no meio da madrugada pra me atender. Conversei com eles o tempo todo sobre tudo e amenidades. Rolou a anestesia, não me assustou, tratamento de canal é muito pior.

Meu marido apareceu com a roupinha esterilizada e um olhão arregalado. Ele não se dá muito bem com esse lance de sangue, agulha e me preocupei se ele ía cair por ali mesmo. Nos comunicamos com o olhar e passamos segurança um para o outro. Pouquíssimo tempo depois (é muito rápido) avisaram que chegara a hora e o chamaram para fotografar.  A enfermeira cantou: 04:32. Abaixaram o paninho para eu ver e tcharam um bebê enorme erguido sobre mim. Atendendo ao meu pedido, colocaram ela, peladinha ainda, pertinho de mim por alguns segundos antes de limpar e fazer todo aquele troço de aspirar. Eu vi um rostinho tão lindo, delicado e cílios imensos nos olhinhos fechado dela e falei: Ownnnnn! Meu Deus! Que linda! Não sei explicar o sentimento a seguir. É muito intenso. Não tem palavra que descreva. Vou pular, não sei explicar, eu estava em alpha.

Ouvi comentários sobre o tamanho dela, enorme, gordinha, não ía passar nunca, etc. Deram palpites para ver quem acertava o peso. Antes de levá-la pro berçário colocaram-na em cima de mim, eu beijei, cheirei e morri de amor.

Ela e marido foram para o berçário e eu fiquei agradecendo a filha perfeita e saudável que tive enquanto me costuravam. Estava viajando tanto que quando as enfermeiras estavam me limpando e me preparando para colocar na maca eu vi uma perna passando e pensei: caracas, parece a minha! Ei, é a minha! Gente? Como assim?

O pediatra falou algo sobre leite, complemento, evitar hipoglicemia e eu em alpha não entendi nada! Até aparece na filmagem minha cara confusa respondendo: O quê? Eu não estou entendendo o que você está falando!! Antes tivesse entendido e tentado impedir de alguma forma. Como a Letícia nasceu bem gordinha (4,185 kilos e 52 cm), por "precaução", ele recomendou leite artificial para minha filha no berçário o que, ÓBVIO, atrapalhou a primeira mamada para nós duas. Porém, graças, essa questão foi contornada e é assunto para outro post.

O que faço questão de registrar por aqui é que apesar de não ter tido parto normal como eu queria e havia planejado, o nascimento da minha filha foi o evento mais forte e transformador da minha vida! Não sei se tinha ou não mecônio no líquido amniótico, se eu teria passagem ou não pra minha gorducha, se seria sofrido ou tranquilo, mas depois de tê-la bem em meus braços, que diferença faz agora?

 Posso dizer que eu entendo quem opta por fazer uma cesária por medo ou ignorância, tudo conspira para ser dessa forma, é tanta neura misturada com a insegurança e a inexperiência, você tende a dançar conforme a música. Me informei durante a gravidez e sabia da dificuldade que seria conseguir um parto normal via plano de saúde na saúde privada. Não me engajei ao ponto da militância, mas achei que estava fazendo o suficiente mudando de obstetra e questionando sempre sobre isso, talvez não tenha sido o suficiente, ou sim e realmente não era pra ser. Enfim, só sei que orei e fui atendida e aquele dia, 03/08/2012, não foi o dia do meu parto e sim o dia do nascimento da Letícia. É ela quem importa!

Um comentário:

  1. Clarissa, pode deixar que se eu conseguir saber o que acontece com nossos sonhos depois que parimos, aviso.
    =)
    Sobre o parto, sou daquelas chatas que acham que parir é via vaginal, mas nem por isso desmereço sua experiência. Acho que o nascimento dos nossos filhos é o marco mais importante em nossas vidas e com certeza Letícia chegou para virar sua vida de cabeça para baixo! Aproveite porque, como você vê lá no meu cantinho, passa muuuuito rápido (já estamos com mais de 3 meses!!!).
    beijocas

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